Freitag, 10. Mai 2013

„Wir sind friedlich gekommen und gehen friedlich“


Die etwa 180 Indios von neun Gemeinschaften, die von Wasserkraftwerken am Tele Pires, Tapajós und Xingu betroffen sind, haben am Abend des 09.05.2013 beschlossen, die Baustelle des Kraftwerkes Belo Monte zu verlassen, um einer gerichtlichen Anordnung nachzukommen. Bundesrichterin Selene de Almeida vom Regionalen Bundesgericht (TRF-1) in Brasília verfügte den Abzug innerhalb von 24 Stunden.

„Wir sind friedlich gekommen und haben beschlossen, friedlich zu gehen. Damit zeigen wir, dass wir keine Banditen sind und die Entscheidung des Gerichts respektieren. Diese unsere Haltung soll zeigen, dass wir offen für den Dialog sind“, sagte Valdenir Munduruku bei der Pressekonferenz vor den Toren der Baustelle.

Unter strengsten Sicherheitsmaßnahmen wurde der Gerichtsbescheid den Indios vorgelesen und erklärt. Die Medien waren davon ausgeschlossen. Auch Sônia Guajajara, Repräsentantin der Vereinigung der Indios von Amazonien (COIAB), die eigens aus Manaus gekommen war, durfte den Schranken nicht passieren, um die Durchführung der Räumung zu beobachten.

So waren an der Seite der indigenen Vertreter die mehr als hundert Indios, die seit einer Woche die Baustelle besetzt hielten, aus Protest gegen den Bau von Kraftwerken in Amazonien, die im Widerspruch zur ILO-Konvention 169 und Bundesverfassung von der Bundesregierung unter Lula und Dilma ohne vorherige Beratung mit den betroffenen Gemeinschaften in Angriff genommen wurden und werden.

„Wir verlassen die Baustelle nicht, weil es keine Vereinbarung gibt. Wir gehen, weil der Minister seit unserer Ankunft zu keinen Verhandlungen bereit war. Im Gegenteil, „es wurden im Internet viele Lügen über uns verbreitet“, beklagte Cândido Munduruku, Präsident des Verbandes Pusuru. Die Indios unterstrichen, dass sie weiter gegen die Staudämme in Amazonien auftreten werden und vorherige Beratungen fordern.

Valdenir und Cândido äußerten sich empört über die Bundesregierung. „Minister Gilverto Carvalho hat die Nationale Streitkraft und die Bundespolizei gesandt, statt sich dem Gespräch mit den Indios zu stellen. Die Indios wurden umzingelt und gehindert, mit ihren Anwälten und mit Medienvertretern in Kontakt zu treten, sogar der Nachschub an Lebensmitteln wurde unterbunden.

Am 08.05.2013 hat Richterin Selene de Almeida dem Antrag von Reintegration von Besitz statt gegeben, den zehn Anwälte von Norte Energia einbrachten. Die Bundesstaatsanwaltschaft von Pará legte Berufung ein. Almeida hat die Reintegration beibehalten, mit einer Frist von 24 Stunden für den Abzug, da sich die indigene Bewegung bislang friedlich verhalten habe.

Militarisierung und gefährliche Personalverflechtungen

An die 100 Polizisten der Nationalen Streitkräfte waren an der von den Indios besetzten Baustelle. Am 09.05. war Bundesstaatsanwältin Thais Santi vor Ort, um die Reintegration zu verfolgen, und war vom friedvollen und selbstbewussten Auftreten der Indios beeindruckt. "Heute habe ich gut organisierte Indios gesehen, die wirklich gerechte Anliegen vorbrachten. Sie hielten an ihren Forderungen fest, respektierten aber das Urteil. Die Einsatzkräfte waren nicht notwendig", sagte sie. Die Staatsanwaltschaft von Pará legte Berufung gegen das Urteil zur Reintegration ein.

In einer Presseerklärung äußerte sich die Bundesstaatsanwaltschaft von Pará besorgt über die Operation zur Reintegration von Besitz, „da die Leiterin der Bundespolizei in Altamira mit dem Anwalt von Norte Energia, Felipe Callegaro Pereira Fortes, verheiratet ist“. Fortes habe den Antrag zur Reintegration von Besitz verfasst. „Noch schlimmer, was vor dem TRF-1 geschah, der Anwalt zitierte jenen Bericht der Bundespolizei, den seine Gattin unterzeichnet hat“, so die Bundesstaatsanwaltschaft.

Laut Bericht der Leiterin der Bundespolizei in Altamira hätten die Indios rund 3.000 Arbeiter bedroht, was eine Reintegration rechtfertigen würde. Die Medien berichteten Gegenteiliges: Solidarität seitens der Arbeiter mit der indigenen Bewegung.


Globo-TV, 10.5.2013
Índios desocupam canteiro de obras da usina Belo Monte, no Pará

CIMI, 9.5.2013
“Como entramos de maneira pacífica, decidimos sair de maneira pacífica”, disse grupo de indígenas ao desocupar canteiro
Com um prazo de 24 horas dado pela desembargadora Selene de Almeida, do TRF-1, Brasília (DF), os cerca de 180 indígenas de nove povos dos rios Teles Pires, Tapajós e Xingu, afetados por projetos hidrelétricos, decidiram se retirar do principal canteiro de obras da UHE Belo Monte, às margens da Transamazônica, no Pará, no início da noite desta quinta-feira, 9.

O Globo, 09/05/2013
Índios desocupam canteiro de obras da usina Belo Monte, no Pará
Após reunião, cerca de 150 índios saíram do canteiro nesta quinta-feira, 9.
Procuradoria da República e Funai participaram de negociação.

MPF Pará, 9.5.2013
MPF pede ao TRF1 que suspenda reintegração de posse em Belo Monte
Procuradores argumentaram hoje que decisão foi tomada com base em informações desatualizadas e insistem na solução negociada para o protesto indígena

O Globo, 10.5.2013
Após desocupar Belo Monte, índios fazem assembleia
Grupo quer presença do ministro Gilberto Carvalho para negociar

Altamira Hoje, 10.5.2013
Reintegração de posse no sítio Belo Monte ocorre depois de uma semana de ocupação.
Ontem por volta das 11 horas da manhã a movimentação era grande nos portões do sítio Belo Monte à 55 km de Altamira, homens da polícia rodoviária federal, força nacional, delegado da polícia federal de Altamira, Polícia Militar, homens da tropa de choque e representantes da FUNAI estiveram no Canteiro para acompanhar a reintegração de posse, o documento chegou nas mãos do oficial de justiça escoltado por militares, longe dos microfones da imprensa página à página o documento foi lido e esclarecidos aos indígenas, a representante da Confederação de Índios da Amazônica Brasileira não conseguiu acompanhar a reunião e ficou revoltada.

"Eu vim a convite dos índios, eles querem que a gente acompanhe as negociações, a leitura dos documentos, mas aqui na portaria a força nacional não deixou que a gente entrasse, governo do PT me envergonha pela forma ditatorial que nos trataram", disse Sônia Guajajara.
Para a procuradora da república Thais Santi, os índios tinham uma pauta justa e firme.
"Hoje vi índios organizados e com cobranças realmente justas, eles foram firmes em suas petições, a decisão dada mostra que houve consenso e respeito aos povos tradicionais, pois não foi necessário o uso da força", disse Thais Santi.

Folha, 11.5.2013
Índios que cruzaram o Pará para protesto em Belo Monte começam a deixar região
A invasão teve duração de uma semana e, durante esse período, as obras do canteiro Belo Monte ficaram paradas --a empresa responsável pela construção diz que os demais setores mantiveram atividades.
Os mundurucu do Tapajós protestavam contra a construção de hidrelétricas na Amazônia e pediam a regulamentação do dispositivo constitucional que prevê consulta prévia aos índios antes de obras que os afetem.
A pauta incluiu ainda a suspensão de estudos e obras de hidrelétricas em curso na região amazônica e a presença do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral, responsável pela interlocução com movimentos sociais) no local para negociação, o que não ocorreu.